Boa Noite!!!
Estive conversando com um dos maiores jornalistas do mundo automobilístico, Rafael Ligeiro. O jornalista que escreve grandes artigos sobre a F1 tem seu talento reconhecido internacionalmente. Seus artigos já foram publicados em portais eletrônicos de países como a Argentina, Portugal, Espanha, México e Venezuela. Por aqui, Rafael já publicou artigos para Auto Racing e para o portal oficial do GP Brasil.
Segue abaixo alguns veículos da extensa lista que já exibiram o material do jornalista Rafael Ligeiro.
Mídia Nacional:
Auto Racing
GP Total
Site oficial do GP Brasil: Autódromo de Interlagos
Speed Racing
Mídia Internacional:
A Todo Motor (Ilhas Canárias,Espanha)
Pasión F1 (Venezuela)
PortalF1 (Portugal)
TheF1 (Espanha)
Entrevista:
F1VM: Nome
RL: Rafael Ligeiro
F1VM: Idade
RL: 25 anos
F1VM: Profissão:
RL: Jornalista
F1VM: Hobbies:
RL: Automobilismo, futebol, shopping - Center, videogames (mas só quando sobra um tempinho!), livros, música e numismática.
F1VM: Quando você se apaixonou pelo mundo da F1?
RL: Em 1993. Nesse ano, acompanhei minha primeira temporada de Fórmula-1. Foi um campeonato incrível. O Prost tinha voltado bastante competitivo às pistas, o Senna estava numa fase fantástica, o Michael Schumacher estava se afirmando como um piloto muito acima da média... Grande ano, sem dúvida.
Até hoje, não sei o que me levou a começar a ter interesse por automobilismo. Mas a vida é assim. As pessoas podem aprender a fazer diversas coisas, ter diversas profissões, mas há também virtudes que nascem contigo. Assim também acontece com nossas preferências, nossos hobbies. Eles estão lá, escondidos em um cantinho de nosso ser. Quando os descobrimos, você cria identidade e, quando se dá conta, já está totalmente “contaminado”. Ou seja, não sabemos por qual motivo ingressamos. Mas sabemos o que nos leva a estar lá.
F1VM: Essa paixão pela F1 influenciou no seu trabalho e na sua profissão?
RL: Sim. Carinho não apenas pela Fórmula-1, mas pelo automobilismo em geral. Quando decidi ingressar numa faculdade de jornalismo foi justamente pensando em atuar nessa área. Mas logo nos primeiros dias de faculdade você percebe que, por mais que você tenha o desejo de atuar em um segmento, você precisa ter domínio do maior número possível de assuntos. De automobilismo a política, de economia a ciência, e por aí vai. Não à toa, não sinto grande diferença quando escalado para cobrir algo além do automobilismo. No final das contas, você aprende a gostar de muitos segmentos. Para exemplificar, digamos que isso é futebol. Eu tenho uma posição de origem, na qual fui revelado. Mas jogo tranquilamente em umas cinco ou seis das onze posições, se o treinador quiser.
F1VM: Mesmo tendo que ser neutro, dá para falar qual sua equipe ou piloto, que torce ou que é fã?
RL: Essa questão de neutralidade, ou imparcialidade, é um dos pontos mais delicados do jornalismo. Mas tenha certeza: ninguém é imparcial – ou neutro, se preferir. Todo mundo tem uma opinião, um sentimento sobre algo. A questão é não deixar transparecer tal ponto de vista ao longo da redação de uma matéria informativa. E, principalmente, não deixar que isso influencie seu trabalho.
No meu caso, até tenho a liberdade para ser parcial. Isso porque escrevo textos opinativos, crônicas. Mas ao invés de elogiar a x ou y por apenas gostar, prefiro a análise. Embora não torça por nenhuma equipe especificamente, sou torcedor de pilotos brasileiros no Exterior. Qualquer um, onde quer que esteja. Já elogiei bastante a gente como Rubens Barrichello, Felipe Massa e Hélio Castroneves. Mas também já dei pancada (risos).
F1VM: Há uma corrida que mais te marcou?
RL: O GP de San Marino de 1994. E não tenho dúvidas que milhões de brasileiros compactuam esse sentimento. Não somente pelo Ayrton, mas também pelo Ratzenberger e todos os acidentes daquele fim de semana. Foram três dias horríveis. Você sempre escuta que o automobilismo é um esporte de risco, que acidentes acontecem. Mas você realmente não espera ver tal sentença na prática.
Outro momento que guardo, mas esse com alegria, é a primeira vitória do Rubinho na F-1, no GP da Alemanha, em 2000. Foi ótimo vê-lo alcançar esse resultado, um prêmio merecido a um profissional esforçado. Não podemos esquecer também que esse resultado marcou um fim de tabu. Um brasileiro não vencia na F-1 há quase sete anos. No meu caso, até àquela corrida, tinha assistido as cinco vitórias do Ayrton em 1993. E nada mais. Não tenho dúvidas que a vitória do Rubinho também foi a primeira de um brasileiro que essa geração mais jovem de fãs de automobilismo acompanhou, digamos, ao vivo.
F1VM: Participou de algum GP? Qual?
RL: Muitos, de categorias nacionais. Embora reconheça que fui um pouco preguiçoso em 2009, quase não fui a Interlagos. Nesse ano, vamos recuperar o tempo perdido, manter contatos, rever amigos, escutar o ronco dos motores.
Da Fórmula-1, mantive alguns contatos para cobrir o GP Brasil de 2008. As coisas estavam bem encaminhadas, mas veio a crise mundial e o veículo que iria me contratar teve de abrir mão da cobertura de alguns eventos. Entre os quais, o GP Brasil.
F1VM: Teve a oportunidade de conhecer algum piloto de F1 pessoalmente?Quem e em quais condições?
RL: É natural que, na condição de jornalista, cobrindo categorias nacionais, você conheça muita gente com passagem pela Fórmula-1. Basta ver a Stock Car. É um celeiro de ex-pilotos de Fórmula-1. Agora, eu mantenho muitos bons contatos com pilotos e assessores do Exterior, mesmo sem conhecer a grande maioria pessoalmente. Essa é uma vantagem da Internet. Não vou conseguir lhe dar o número exato, mas devo ter mais de 200 contatos nessa área. Tenho os telefones, por exemplo, do Alessandro Zanardi e do Olivier Panis. Sem esquecer do John Surtees, único campeão de motovelocidade e Fórmula-1. Tenho até autógrafo dele.
Mas a experiência mais engraçada com um piloto de Fórmula-1 foi com o Timo Glock. Aliás, até escrevi sobre isso, no texto Coisa de criança, do ano passado. Em 2008, como já disse, fiquei na mão para fazer a cobertura do GP Brasil. Mas de birra comprei um ingresso. Por lá consegui um autógrafo com o Glock, para o filho de um amigo meu que se intitulava como fã do ex-piloto da Toyota. Curioso é que o Massa perdeu o título daquele ano porque o Hamilton ultrapassou o Glock, na última volta. Por mais que não tenha ocorrido qualquer tipo de maracutaia, o alemão ficou marcado. Tão marcado que o menino nem quis mais o tal card.
Tenho carinho por todos os meus textos. São mais de 250 desde 2002. E isso sem contar outros segmentos nos quais atuo. Agora, o que eu posso afirmar é que há textos que eu consegui atingir um nível técnico que me agradou muito. Outros, um pouco menos. Já fui muito inquieto nesse ponto. Lembro de uma grande jornalista, Beth Cataldo, ter falado para mim uma vez: “Você revisa tantos suas matérias que com certeza não vai se sentir em paz quando escrever um livro”.
Hoje, sou mais seguro. Sei que vai ter um erro aqui, uma análise equivocada acolá. Faz parte. Algo que de modo algum significa que eu não busque melhorar. E melhorar é crescer pessoalmente e transmitir isso aos outros. Seja como jornalista, como leitor. Hoje mesmo escrevi um e-mail para os editores de um jornal, comunicando sobre dois errinhos em suas matérias. Mas tudo com muito bom-senso, educação. Tem muito imbecil que criticaria duramente, veria apenas o lado ruim da história, ignoraria o fato das matérias estarem bem produzidas. É basicamente o tipo de gente que ganha um Rolex e reclama por ele estar atrasado.
F1VM: Se fosse para diferenciar e citar pontos positivos e negativos da F1 de tempos atrás com a atual, quais citaria?
RL: Bom, essa é uma questão difícil. É duro comparar épocas, regulamentos diferentes. Por exemplo, não podemos cobrar uma Fórmula-1 “barata” como a dos anos 70 porque o caminho que a categoria tomou é irreversível. Até porque a questão é matemática. Se uma equipe gasta 300, 350 milhões de dólares por temporada é porque ela tem um lucro que justifique tal investimento. A única atitude recomendável às equipes é manter o atual patamar de gastos. Talvez até uma sensível retração. Ao menos, por enquanto. E isso parece que está sendo bem feito. Veja o KERS, que foi banido do regulamento desse ano. Teve equipe que gastou mais de 10 milhões de dólares nessa peça, sem resultados. Supérfluo deve ser cortado.
Em um balanço geral, estou contente com a F-1 atual. O nível de pilotos, que já era bom, ainda ganhou o reforço do Schumacher. Melhor é que, além de bons pilotos, a turma é jovem. Ainda vão melhorar muito. Pense no nível que pilotos como Vettel, Rosberg e Di Grassi atingirão até 2013, 2014. Além disso, o regulamento técnico está bem simples, a relação FIA-Fota voltou ao normal e aquela história de certame paralelo vai ficar um tempinho mais na gaveta. Ruins mesmo apenas dois pontos: a falta de testes ao longo de uma temporada e a pontuação, que deveria beneficiar mais o vencedor de uma corrida.
F1VM: O que você acha sobre Bernie Ecclestone e Max Mosley?
RL: O período de Max Mosley como presidente da FIA foi repleto de altos e baixos. Mais baixos do que altos. Mas os grandes erros dele aconteciam nas ocasiões em que parecia querer centralizar as decisões à FIA, como no caso do teto orçamentário. Equipes e pilotos também fazem parte do evento, devem ser consultados. Até porque os times vivem com uma arma em mãos: a possibilidade de criação de um certame paralelo à Fórmula-1. Já o Bernie Ecclestone é um gênio. Nas últimas décadas, foi de sutil, mas enorme importância ao fortalecimento comercial da Fórmula-1.
F1VM: Qual é a sua opinião sobre as duplas Fernando Alonso e Felipe Massa, Lewis Hamilton e Jenson Button?
RL: Duas ótimas duplas, ambas sem primeiro piloto, nas duas equipes mais tradicionais da Fórmula-1. A dupla Fernando Alonso e Felipe Massa é tecnicamente superior a formada por Lewis Hamilton e Jenson Button. Aliás, não creio que Alonso e Massa vão brigar ao longo desse ano. Muito embora tenham uma grande diferença. Acho que já vou ficar sob marcação daqueles que pensam que sou “patriota de plantão”, mas cabe expressar meu ponto de vista. O Massa jamais será um problema à Ferrari.. Ele é um sujeito calmo, que não atribui derrotas a terceiros. É um cara que trabalha quieto e busca sempre melhorar com os próprios erros. Evoluiu muito como piloto nos últimos três anos. Bem diferente do Alonso. Ele é da estirpe de Ayrton Senna e Alain Prost, ou seja, piloto fantástico, mas que se concentra muito em ganhar espaço nos bastidores. Não à toa, a conta telefônica do Alonso deve ter estourado no fim da temporada passada de tantos DDIs para Maranello (risos). Uma atitude, entretanto, que não condeno, pois Fórmula-1 não é terra de inocentes.
F1VM: A volta de Michael Schumacher te surpreendeu ou você já esperava? Em sua opinião, ele vai ser imbatível nas pistas ou há pilotos no grid que podem barrá-lo?
RL: Na Fórmula-1, ser piloto de qualidade não basta. É preciso ter carro bastante competitivo. O próprio Schumacher penou quando não tinha carro melhor que os dos pilotos da McLaren ou da Williams. Daí, essa questão de piloto que pode barrá-lo não vale muito. Afinal, sempre há espaço para que alguma equipe conseguir tirar proveito do regulamento, fazer um carro espetacular e ser campeão com um piloto que não é muito badalado.
Quanto ao regresso, sinceramente, não esperava. Mas não vejo empecilho algum, porque ele parou ainda no auge da forma física e técnica. É um cara especial, poderia voltar quando desejasse. Tem condições de guiar até os 45 anos. Basta ele querer. Mas repito: ele também precisa de carro vencedor.
F1VM: Bruno Senna, Lucas di Grassi, Rubens Barrichello. Se tivesse a chance de falar algo para eles pessoalmente diria o quê?
RL: Daria os parabéns aos três, porque chegar à Fórmula-1 é, sob qualquer circunstância, muito difícil. Aliás, ao Rubinho reservaria um parabéns bastante reforçado, pois ele não apenas chegou. Já está 18 anos por lá.
F1VM: E por último, quais suas apostas para este ano?
RL: Se até mesmo durante a pré-temporada faltam parâmetros seguros para comparação, imagine agora? Em temporadas anteriores, poderíamos dizer que a Red Bull, porque terminou bem 2009, teria bom rendimento ao início da temporada 2010. Hoje é muito difícil tão afirmação, porque a concepção aerodinâmica dos carros vai mudar muito por conta do fim do reabastecimento durante as corridas. Daí o rendimento de 2009 não vale muito, porque serão carros bem distintos. No entanto, temos sempre de esperar que equipes como McLaren e Ferrari mostrem muita força. São times grandes, os mais tradicionais do grid e que já mostraram capacidade de ressurgir das cinzas em diversas ocasiões.
Agradecimentos:
F1VM: Agradecemos sua atenção, Rafael. Seja sempre bem vindo ao blog F1velocidademaxima.
RL: Eu agradeço demais pela oportunidade, as perguntas foram bastante legais. Estarei sempre de olho no blog.
Um abraço a você e aos seus leitores!
